Enquanto os caretas fazem caretas para o inusitado, subvertendo a lógica de um dos princípios básicos do futebol e de qualquer outro esporte, que é o de propiciar ENTRETENIMENTO, a bem-aventurada e irreverente ousadia flamenga transforma a sisuda ideia de competição — imposta pelo stabilishment boleiro — numa louvação de alegria, cumplicidade e festa.
A classificação, de fato, virá?! Não pode ter certeza absoluta. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas quem é Flamengo simplesmente não deixa de acreditar jamais. Impossível? Improvável? Inimaginável? O que significam tais palavras no dialeto flamengo? Língua afiada de humor, falada pela massa que liga o coração na tomada da fé e sabe que quando tiver de ser, será!
Assim como o imortal e apocalíptico Nelson Rodrigues, também creio no milagre do Manto Rubro-Negro, este que por si só, já é o maior milagre de todo o futebol mundial. Uma camisa que não veste somente 11 jogadores, mas sim 40 milhões de apaixonados e fervorosos fãs que conduzem o clube Mais Querido ao posto de gigante dentre os grandes.
Portanto, vamos ao milagre. Ele virá. Sempre vem. Afinal, de uma forma ou de outra o estamos sempre vivenciando.
(Tri de1944 - Valido); (Carioca de 1978 - Rondinelli); (Brasileiro de 1980 - Nunes); (Libertadores de 1981 - Zico);; (Mercosul de 1999 - Lê); (Tri de 2001 - Pet)
Luiz Hélio - Embaixada FLA-Juazeiro/BA
Manda aí, Nelsão!
(...) Quanto a mim, com satisfação o confesso: – acredito piamente em milagre. Ou por outra: – só acredito em milagre.
A meu ver o fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há, nele, de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre. E não vejo como se possa viver e sobreviver sem esse milagre.
A rigor só há, em campos brasileiros, um único e escasso milagre, qual seja o da camisa rubro-negra. De fato, o que se sucede com a camisa do Flamengo desafia e refuta todas as nossas experiências passadas, presentes e futuras. Vejam vocês: – uma camisa que só falta dar adeusinho e virar cambalhota.
Quando o time não dá mais nada, quando a defesa baqueia, e o ataque soçobra, vem a camisa e salva tudo. Diante dela, todos se agacham, todos se põem de cócoras, todos babam de terror cósmico. E vamos e venhamos: – como resistir a uma camisa que tem suor próprio, que transpira sozinha, que arqueja, e soluça, e chora? O Flamengo só perde quando não põe para funcionar o milagre da camisa. O milagre do seu Manto Sagrado.
Nelson Rodrigues
Skype: heliopoeta
Twitter: @helioflapoeta
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