Mengo Meu Dengo
Em Defesa da Alegria de ser Flamengo
Por Luiz Hélio Alves*
Em defesa da alegria de ser Flamengo busco traduzir nesse instante o que representa essa alegria entre um intervalo e outro de um jogo de 90 minutos, onde a mesma pode ser transformada em tristeza, frustração, raiva... Em se tratando de Flamengo — símbolo maior do futebol nacional — o que de fato traduz a alegria é o arrebatamento de felicidade, é fogo que arde no coração e incendeia a alma.
Una pasion que provoca arrepios e sentimentos múltiplos. Mais. Ser Mengo é viver uma alegria libertária, espontânea, impulsiva, incontrolável. Alegria que não aceita patrulhamento, dogmas, ignóbeis panfletagens, cooptações ou qualquer tipo de aliciamento negativista. Antes de qualquer coisa, é um estado de espírito que não se articula. Até por que a alegria articulada associa-se à inesperada dor.
Por isso, defendo a minha alegria flamenga e livre — a qual vez ou outra também me permite ficar triste e chorar — da mesma forma como o poeta uruguaio Mário Benedetti defendeu a sua: “Defender la alegria como um destino. Defenderla del fuego y de los bomberos, de los suicidas y los homicidas (...)”. Defender a alegria rubro-negra como âncora possível, como prenúncio de otimismo no sorriso de cada um de nós, homens, mulheres e crianças, seres flamengos legitimamente felizes antes de qualquer resultado de uma partida de futebol.
E para quem ainda não entendeu o que é ser Flamengo, relembrar as geniais e sensitivas palavras justamente de um imortal tricolor chamado Arthur da Távola: “Ser Flamengo é enganar o guarda, é roubar o beijo. É comungar a humildade com o rei interno de cada um. É crer, é ser, é vibrar. É vencer. É correr para; jamais correr de. É seiva, é salva; é vastidão. É frente, é franco, é forte, é furacão. É flor que quebra o muro, mão que faz o trabalho, povo que faz país”.
Ser Flamengo, afinal, é entender essa alegria como ato apolítico, atemporal e ainda como algo irrepreensível, incensurável, indestrutível. Sentir o que é ser Flamengo simplesmente como um ato de intenso prazer. Eterno.
- Luiz Hélio é Flamengo, poeta e jornalista.
Skype: heliopoeta
Twitter: @helioflapoeta
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