quinta-feira, 26 de abril de 2012
quinta-feira, 12 de abril de 2012
O (inesgotável) Milagre do Manto - Por Luiz Hélio e Nelson Rodrigues
Enquanto os caretas fazem caretas para o inusitado, subvertendo a lógica de um dos princípios básicos do futebol e de qualquer outro esporte, que é o de propiciar ENTRETENIMENTO, a bem-aventurada e irreverente ousadia flamenga transforma a sisuda ideia de competição — imposta pelo stabilishment boleiro — numa louvação de alegria, cumplicidade e festa.
A classificação, de fato, virá?! Não pode ter certeza absoluta. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas quem é Flamengo simplesmente não deixa de acreditar jamais. Impossível? Improvável? Inimaginável? O que significam tais palavras no dialeto flamengo? Língua afiada de humor, falada pela massa que liga o coração na tomada da fé e sabe que quando tiver de ser, será!
Assim como o imortal e apocalíptico Nelson Rodrigues, também creio no milagre do Manto Rubro-Negro, este que por si só, já é o maior milagre de todo o futebol mundial. Uma camisa que não veste somente 11 jogadores, mas sim 40 milhões de apaixonados e fervorosos fãs que conduzem o clube Mais Querido ao posto de gigante dentre os grandes.
Portanto, vamos ao milagre. Ele virá. Sempre vem. Afinal, de uma forma ou de outra o estamos sempre vivenciando.
(Tri de1944 - Valido); (Carioca de 1978 - Rondinelli); (Brasileiro de 1980 - Nunes); (Libertadores de 1981 - Zico);; (Mercosul de 1999 - Lê); (Tri de 2001 - Pet)
Luiz Hélio - Embaixada FLA-Juazeiro/BA
Manda aí, Nelsão!
(...) Quanto a mim, com satisfação o confesso: – acredito piamente em milagre. Ou por outra: – só acredito em milagre.
A meu ver o fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há, nele, de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre. E não vejo como se possa viver e sobreviver sem esse milagre.
A rigor só há, em campos brasileiros, um único e escasso milagre, qual seja o da camisa rubro-negra. De fato, o que se sucede com a camisa do Flamengo desafia e refuta todas as nossas experiências passadas, presentes e futuras. Vejam vocês: – uma camisa que só falta dar adeusinho e virar cambalhota.
Quando o time não dá mais nada, quando a defesa baqueia, e o ataque soçobra, vem a camisa e salva tudo. Diante dela, todos se agacham, todos se põem de cócoras, todos babam de terror cósmico. E vamos e venhamos: – como resistir a uma camisa que tem suor próprio, que transpira sozinha, que arqueja, e soluça, e chora? O Flamengo só perde quando não põe para funcionar o milagre da camisa. O milagre do seu Manto Sagrado.
Nelson Rodrigues
Skype: heliopoeta
Twitter: @helioflapoeta
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Em Defesa da Alegria de ser Flamengo
Mengo Meu Dengo
Em Defesa da Alegria de ser Flamengo
Por Luiz Hélio Alves*
Em defesa da alegria de ser Flamengo busco traduzir nesse instante o que representa essa alegria entre um intervalo e outro de um jogo de 90 minutos, onde a mesma pode ser transformada em tristeza, frustração, raiva... Em se tratando de Flamengo — símbolo maior do futebol nacional — o que de fato traduz a alegria é o arrebatamento de felicidade, é fogo que arde no coração e incendeia a alma.
Una pasion que provoca arrepios e sentimentos múltiplos. Mais. Ser Mengo é viver uma alegria libertária, espontânea, impulsiva, incontrolável. Alegria que não aceita patrulhamento, dogmas, ignóbeis panfletagens, cooptações ou qualquer tipo de aliciamento negativista. Antes de qualquer coisa, é um estado de espírito que não se articula. Até por que a alegria articulada associa-se à inesperada dor.
Por isso, defendo a minha alegria flamenga e livre — a qual vez ou outra também me permite ficar triste e chorar — da mesma forma como o poeta uruguaio Mário Benedetti defendeu a sua: “Defender la alegria como um destino. Defenderla del fuego y de los bomberos, de los suicidas y los homicidas (...)”. Defender a alegria rubro-negra como âncora possível, como prenúncio de otimismo no sorriso de cada um de nós, homens, mulheres e crianças, seres flamengos legitimamente felizes antes de qualquer resultado de uma partida de futebol.
E para quem ainda não entendeu o que é ser Flamengo, relembrar as geniais e sensitivas palavras justamente de um imortal tricolor chamado Arthur da Távola: “Ser Flamengo é enganar o guarda, é roubar o beijo. É comungar a humildade com o rei interno de cada um. É crer, é ser, é vibrar. É vencer. É correr para; jamais correr de. É seiva, é salva; é vastidão. É frente, é franco, é forte, é furacão. É flor que quebra o muro, mão que faz o trabalho, povo que faz país”.
Ser Flamengo, afinal, é entender essa alegria como ato apolítico, atemporal e ainda como algo irrepreensível, incensurável, indestrutível. Sentir o que é ser Flamengo simplesmente como um ato de intenso prazer. Eterno.
- Luiz Hélio é Flamengo, poeta e jornalista.
Skype: heliopoeta
Twitter: @helioflapoeta
Como quando do mar tempestuoso
Não sei se vocês concordam comigo, mas tá rolando um clima de transformar o Flamengo numa esculhambação maior do que talvez ele seja. E não é de hoje. Vejam bem, existe medida pra tudo. Objetivamente, os problemas governamentais do Fla são tão extensos e bem conhecidos que não preciso ensaiar uma lista, você já a conhece. Mas estou captando uma pegada mais agressiva, quase transformando o Mengão em sinônimo de algo degenerado. É como aquela velha anedota do esquerdista tão esquerdista que acabou chegando ao lado direito. Há críticas que partem duma perspectiva justa e acabam por jogar fora a água e o bebê junto. Tentem ler uma matéria sobre o Flamengo que não tenha palavras como “balada”, ou “ex-jogador que afirma ter salários em aberto”. Só no Flamengo existe isso? Quer dizer, tenho alguma razão ou estou mandando mal?
E por que estou dizendo isso? Porque se há um ator social capaz de quebrar esse ciclo de má gestão e achincalhe na imagem pública é a torcida. Torcer pelo Flamengo! Não caiam na onda de quanto pior, melhor. Não! Quanto pior, pior! Que caia Joel, Ronaldinho (um tolo, que se aceitasse receber metade do salário já tiraria pressão monstro da panela), Patrícia, todo mundo. Mas achar que perder jogo, ser eliminado, é o que fará as coisas mudar, meu amigo, não posso concordar. Que torcida é essa? Cresci vendo o Fla como uma força vital, um clube querido, com uma torcida calorosa e acolhedora. Por isso todo mundo sempre quis jogar aqui. Por isso sempre fomos tão longe. Podemos ir mais, melhorando e cuidando do nosso clube, nos associando, participando das decisões importantes. Fazendo dele nossa imagem e semelhança, tendo orgulho disso.
Não sei se a vitória contra o time da homenagem ao colonialismo escravocrata vai provocar grandes mudanças. Mas pelo menos o meu dia ficou bem mais maneiro.
E não sei qual é o clima da Nação, mas pra quinta-feira vou vestir meu traje de vitória. Aqueles caras vão empatar e nós venceremos. A certeza é tanta que, sem hesitar, deixarei de lado o show da primeira banda punk inglesa a gravar um disco, The Damned. Esses ingleses, que tocarão no mesmo dia e hora da partida (maldição!), mataram novamente a charada que Camões já havia liquidado em “Como quando do mar tempestuoso”. O sujeito foi ao mar revolto, se deu mal, naufragou, entrou numas de que tava traumatizado mas, ao sentir que poderia dele tirar novo fruto (pro sujeito do Camões, o amor de uma gatinha provavelmente alucinante e pro Damned a nova rosa que chegou na cidade que de tão maravilhosa o narrador acha não a merecer), se lançou sem medo de ser feliz.
Se tem um traço de chance, o Flamengo deve tentar, tentar e tentar com vontade. Que tal?
Rondi Ramone acha que dá tranquilo pra torcer pelo Flamengo dentro e fora de campo ao mesmo tempo.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/platb/arthurmuhlenberg/2012/04/09/como-quando-do-mar-tempestuoso/
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