Em um período de 20 dias de 1981, o Flamengo viveu a fase mais gloriosa de sua centenária história. Entre 23 de novembro e 13 de dezembro daquele ano, o Rubro-Negro conquistou, além do Carioca, a Taça Libertadores e o Mundial Interclubes. Mas aquele etapa dourada teve como marco inicial o dia 8 de novembro. Há exatos 30 anos. Com um triunfo que para muitos, como Zico, valeu mais do que um título.
Em 1972, o Flamengo foi campeão carioca, mas teve a temporada marcada por uma derrota. Não um tropeço qualquer. Mas algo que ficou marcado para os torcedores que viram: a goleada de 6 a 0 para o Botafogo, no Campeonato Brasileiro, com três gols de Jairzinho. Resultado que ficou ainda mais esgasgado para os rubro-negros pelo dia em que ocorreu: 15 de novembro, quando o aniversário do clube é comemorado.
A partir dali, nos clássicos entre os dois times, os torcedores (e jogadores) do Fla podiam avistar uma faixa no estádio com uma frase que atormentava muitos flamenguistas: Nós gostamos de ‘voseis’. Zico era um dos incomodados com a ironia.
Devolver a goleada virou um obsessão para os rubro-negros. E o objetivo foi alcançado exatamente no ano mais vitorioso do clube.
Em 8 de novembro, com o time que seria campeão do mundo no mês seguinte, com apenas uma mudança em relação à equipe titular contra o Liverpool (Figueiredo no lugar de Marinho), o Fla iniciou o clássico a todo vapor. Nunes abriu o placar aos sete minutos. Até os 40, o placar já havia sido modificado mais três vezes: Zico (27), Lico (33) e Adílio (40) ampliaram para 4 a 0.
A vantagem reforçou o desejo da devolução da derrota de nove anos antes. O Maracanã passou a ouvir um coro vindo do lado destinado aos rubro-negros:
- Queremos seis. Queremos seis.
Mas o Botafogo reagiu e passou a se defender melhor dos ataques adversários. Somente aos 30 do segundo tempo, Zico, de pênalti, conseguiu fazer o quinto.
O que não era suficiente para os torcedores do Flamengo. Faltava algo. Ao contrário do que geralmente ocorre com um time com a vitória assegurada, o Fla não reduziu o ritmo e seguiu pressionando em busca da ‘vingança’.
E os deuses do futebol quiseram que o placar desejado pelos rubro-negros fosse alcançado por um jogador que não costumava marcar muitos gols, mas tinha uma relação direta com aquele resultado: usava a camisa 6. Com um forte chute da entrada da área, Andrade balançou a rede do goleiro Paulo Sérgio pela sexta vez aos 42 minutos da etapa final, cumprindo o desejo dos que usavam vermelho e preto no Maracanã. Não era preciso nada mais. O placar almejado havia sido alcançado: 6 a 0.
Os rubro-negros festejaram o troco em um dos seus principais rivais. Uma festa que se tornaria uma doce rotina naquele período, culminando com o título mundial 35 dias depois no Japão.
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Texto Original: http://globoesporte.globo.com/platb/memoriaec/2011/11/08/ha-30-anos-fla-iniciava-fase-dourada-com-uma-goleada-historica/
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