Cinematográfica noite de futebol no Rio de
Janeiro. A expectativa, o ódio, a vingança e o amor juntos num rejeitado
estádio sempre vazio, hoje lotado.
Coitado
daquele que não entender o que aconteceu esta noite no Engenhão.
Não eram 3
pontos. E se disser que sim, mentira! Nenhuma possibilidade de rebaixamento
incomodou mais o rubro-negro do que a traição, a ridicularização pública de ter
um de seus idolatrados virando as costas para a tal “nação”.
Ronaldinho,
o protagonista mais coadjuvante de todos os tempos, ousou fazer. Chegou
jurando amor, brincou, parou, prometeu e saiu na madrugada, escondido, como fez
no Grêmio 15 anos atrás.
Omisso,
mandou o irmão avisar. De poucas palavras, quase mudo, só conseguiu registrar
uma frase em mais de 1 ano de clube. Com voz embargada, tímido, sem o seu
“tradutor” Assis, enfrentou o microfone e conseguiu dizer: “Flamengo é
Flamengo”.
Profeta!
Passam os
meses, a óbvia situação de uma separação nada amistosa acontece e o poderoso
R10 segue rindo, cheio de dentes, agora líder pelo Galo. Como verdadeiros
maridos traidos os rubro-negros assistem a tudo com sangue nos olhos esperando
o dia da vingança.
Eles não
queriam “matar” o Ronaldinho. Na verdade queriam, até hoje, que ele tivesse
ficado e jogado o que sabe. Hoje, naquele estádio que não tinha motivos
aparentes para mais de 10 mil pessoas, lá estava a tal “nação rubro-negra”, não
por ele, nem pelo rebaixamento. Mas pelo Flamengo.
Pelo
orgulho ferido, pela relação de amor e ódio, pela necessidade quase
inexplicável de se fazer entender quando tentam explicar o tal Flamengo.
O clube não
paga salários, mas pro torcedor do Flamengo é quase um favor prestado pelo
clube permitir que alguém vista aquela camisa.
E quando
alguém a recusa, sentem-se traídos.
Não
menospreze o barraco de um favelado e nem um castelo de um Rei. Caindo aos
pedaços ou cheio de ouro, é dele.
Perante a
tal nação rubro-negra, que não tem nenhum motivo para estar ao lado deste time
atual, Ronaldinho se fez entender.
Eles não
foram pelo Léo Moura, pelo Ibson, Love ou Felipe. Nem mesmo pelo
Ronaldinho. Foram pelo Flamengo, e pouco importa quem vestia a camisa
neste dia especial.
Era dia de
consagrar Ronaldinho e sua linda frase de efeito de quando chegou ao Rio.
Após 90
minutos, uma grande vitória, um golaço do mais rubro-negro dos jogadores e a
medíocre atuação do “craque”, se fez justiça.
Ronaldinho
tinha razão.
Flamengo é Flamengo.
abs,
RicaPerrone
RicaPerrone